Tem muita gente sonhando alto como Dona Josefa da Conceição. Ela conta os dias para a primeira viagem de avião e vai com família e tudo para o nordeste. "Vai eu, meu filho, minha nora e mais duas amigas. Agora chegou minha vez, em janeiro eu viajo, se Deus quiser".
Quase onze milhões de brasileiros pretendem fazer o mesmo, voar pela primeira vez nos próximos 12 meses, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Data Popular em oito capitais. Mais de 80% desses consumidores são das classes C e D, consideradas a nova classe média.
"É um brasileiro que está ganhando mais dinheiro, que passou a ter acesso a crédito, que mudaram de estado para melhorar de vida, para conseguir um novo emprego, para conseguir uma renda melhor e querem voltar e visitar seus parentes", afirma o diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles.
Para conquistar de vez esse público, as companhias de aviação querem ir além do balcão do aeroporto e da internet. Elas se preparam para abrir pontos de venda em lojas populares e apostam em um grande parceiro das classes emergentes: o crédito fácil.
Neste fim de semana, a TAM começa a vender passagens em uma grande rede de varejo, parcelando as passagens em até 48 vezes, com juros. A companhia pretende direcionar os passageiros de turismo e lazer para os horários de menor movimento quando as viagens são mais baratas.
A empresa Azul segue caminho parecido. Diz que vai ampliar o crédito e procurar novos canais de venda como os supermercados.
Para o consultor do setor aéreo, André Castellini, há espaço para os novos consumidores porque a frota das empresas está crescendo, mas os aeroportos podem não dar conta.
"A Infraero tem um programa de investimento de R$ 6 bilhões e esse valor, no nosso entendimento, não é suficiente para cobrir o que vai ser o crescimento. Isso sem falar da Copa do Mundo e das Olimpíadas que vão trazer um fluxo da ordem de um milhão de passageiros concentrados no mês que esses eventos vão se realizar".
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